Thursday, March 08, 2007

O meu autocarro...

Inicialmente, este post seria sobre a inércia dos dias de todos e de cada um (mais sobre os meus do que de outro alguém, mas enfim..!). Sobre o cansaço que é fazer sempre as mesmas coisas, ir sempre aos mesmos lugares, ver sempre as mesmas pessoas, ter sempre as mesmas conversas, enfim... sobre a rotina do dia-a-dia.
Associado ao texto que estava a escrever lembrei-me da viagem de autocarro que faço quase todos os dias ao ir da escola para casa, e de um exercício que tenho feito, no autocarro, desde há uns dias para cá.
(entretanto, apaguei o texto que tinha escrito inicialmente e aproveitei, apenas, a ideia do autocarro!)
Já experimentaram, quando vão no autocarro, ou no metro, ou mesmo no comboio, olhar para às pessoas que vão sentadas convosco?
É tão engraçado (eu diria mesmo "interessante", mas corro o risco de que se fique a pensar que eu não tenho mais nada que fazer! - mas também, eu sou daquelas pessoas que não faz mesmo nada na vida, por isso, não há muito a temer!) reparar nas pessoas...
Hoje à tarde, no velho e cansado 31, via-se de tudo: raparigas novas, a sorrirem para os respectivos telemóveis enquanto escreviam freneticamente o que provavelmente seria uma mensagem de texto; um senhor velhote, de boina e óculos extremamente graduados a protestar altíssimo contra o facto de "o nosso país ser uma vergonha" e de o Sócrates não meter uma para a caixa; uma senhora muito velhinha, de aspecto débil, de roupas simples, chinelos e cabelo desgrenhado que, após ter comido três gomos de uma laranja que parecia amarga, adormeceu e assim foi, dormitando, até à minha paragem; uma outra senhora de idade que, por oposição, se encontrava perfeitamente direita na sua cadeira, numa pose quase imperial, num fato de saia e casaco preto e branco, com o cabelo louro platinado muito armado, uns óculos escuros da Dior, e os lábios muito vermelhos e impecavelmente pintados; uma cigana de olhos verdes com três filhos, todos eles despenteados e mascarrados, a pedirem à mãe para lanchar. Havia ainda um rapaz muito atarefado, de volta de uns apontamentos quaisquer, e , à excepção de uma que tinha um ar infelicíssimo (os olhos até estavam marcados - provavelmente de ter estado a chorar!) uma série de raparigas e senhoras que apresentavam todas a mesma expressão (aliás, não apresentavam expressão nenhuma porque, apesar de espreitarem pela janela, tinham o olhar absolutamente vazio...!).
Sorri para mim mesma.
"Para onde irá cada um deles?"
"O que fará?"
"Que vida terá?"
"Tantas vidas tão diferentes...!"- foi o que pensei.
Mas, no entanto, estão todas juntas num autocarro que faz, diariamente, o mesmo caminho...
E apesar de cada um sair quando quer, a base do caminho é a mesma, por mais diferentes que as vidas sejam...

Então e será que podemos generalizar, esta questão do Caminho?
Não será a base do Caminho de todos nós a mesma, por mais incomparável que sejam as nossas vidas?
Sinceramente, cada vez me convenço mais que sim...!
Mas também, de que é que adianta?! Será que serve para alguma coisa pensar neste assunto? Valerá a pena meditar sobre este género de coisas?!
Não sei...
Sei que, hoje, parece que nada anda para a frente...
Jesus, a inércia..!
Por mais que me esforce por avançar, parece que a minha vida só vai dando passos para trás...

... como um caranguejo!
(os demais leitores que me perdoem a private!)

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