Sentada na esplanada de um café barato, uma rapariga aguardava pacientemente que o tempo fosse passando.
Aproveitava para reparar nas pessoas que por ela passavam - na sua maior parte, estrangeiros.
Apesar de pouco passar das 5h da tarde, quase todos se faziam acompanhar de (pelo menos uma) garrafa(s) de cerveja.
Um velhinho passa na rua, olhando estes jovens com desprezo e, entre pragas que rogava ao governo, lamentava desconsolado esta "juventude perdida".
Entretanto, a rapariga é abordada pela dona do café. Após fazer o seu pedido, repara no rapaz sentado na mesa ao lado - "Um fotógrafo" - que acabava de fumar um de vários cigarros enquanto escrevinhava qualquer coisa.
A não muito simpática senhora regressa com um café para a rapariga.
-Vai desejar açúcar? - pergunta
-Não, obrigada.
Talvez este fragmento de diálogo tenha chamado a atenção do rapaz, pois perante esta resposta ele levanta os olhos na sua direcção. Incrivelmente azuis, mas ainda assim, ausentes.
Com um ar ligeiramente apreensivo fita a rapariga que, embrenhada na sua leitura provava o café - "eerrggg... está queimado!!" - murmura, com um trejeito.
O fotógrafo olha-a de soslaio, aparentemente divertido com a situação.
Com um sorriso atrapalhado, com quem pede desculpas, ela volta a mergulhar no seu livro enquanto o rapaz volta aos seus "rabiscos".
Finalmente, levanta-se.
Ao afastar-se volta-se de novo para ela, olha para o céu com quem procura luz e aponta-lhe a máquina.
Ela limita-se a olhá-lo, incrédula.
O fotógrafo baixa a máquina, sorri com uma pequena vénia e afasta-se até desaparecer na confusão de gente.


No mínimo, surreal...!